Como todo mundo sabe, existem doze signos, distribuídos ao longo do ano conforme a tabela abaixo. Associada a cada signo, existe uma constelação de estrelas, que juntas compõem o conjunto conhecido como o Zodíaco.
O que essas constelações têm de especial? Elas estão dispostas ao longo de uma faixa no céu, que é a mesma percorrida durante o movimento aparente do Sol.
O signo associado a uma certa época corresponde, grosso modo (deixando de lado alguns detalhes), à constelação na qual o Sol nasce naquele período. Essa constelação muda conforme a Terra avança em seu movimento de translação anual.
Ao longo de um ano, a inclinação do eixo de rotação da Terra em relação ao plano da órbita produz as estações. Os solstícios (21/06, 21/12) marcam o início do verão/inverno (dependendo do hemisfério) e se caracterizam por ser o dia mais longo/curto do ano em relação à noite. Já nos equinócios (21/03, 21/09) o eixo de rotação da Terra é paralelo ao Sol, de modo que o dia e a noite têm a mesma duração.
Um outro fenômeno interessante é a precessão do eixo de rotação, que leva a uma rotação do “polo norte sideral”, ou seja, a estrela em torno da qual as outras giram (estrela polar ou Polaris). Uma volta completa do eixo leva 26.000 anos.
A precessão faz com que o signo no qual o Sol nasce na época do equinócio de março varie lentamente, mudando aproximadamente a cada 2100 anos. Ou seja, o equinócio de março acontece em áries por 2100 anos, depois em peixes por 2100 anos, depois em aquário por 2100 anos, etc.
Essas são as Eras Astrológicas. A Era de Áries foi mais ou menos entre 2100 a.C e 1 d.C. A Era de Peixes mais ou menos entre 1 d.C e 2100 d.C. Depois, a Era de Aquário, obsessão dos hippies, acontecerá nos 2100 anos seguintes (algumas pessoas argumentam que a coincidência entre o nascimento de Jesus e o começo da Era de Peixes seja o motivo de historicamente haver uma associação entre o cristianismo e o símbolo do peixe).
Por que os signos/constelações têm esses nomes? “Eu sei, eu sei”, diz o aluno na primeira fileira, “é por causa do formato das constelações”. A constelação de Libra, associada ao equilíbrio, parece uma balança; a do Touro parece um touro, etc. As estrelas teriam dado os nomes aos signos.
Será mesmo? Na imagem abaixo temos uma foto da constelação de Libra no céu. Consegue ver a balança sem a ajuda da imagem?
Não, não, a disposição espacial das estrelas no céu não tem nada a ver com os nomes dos signos. Essa ideia é simplesmente ridícula. Em vez disso, se notarmos que o signo de Libra começa em 21/09, praticamente no equinócio, que é quando os dias e as noites têm suas durações equilibradas, teremos uma hipótese bem mais razoável para a origem desse nome.
O site Old European Culture tem umas teorias curiosas sobre os signos.
Segundo ele, antes de serem domesticadas, as vacas europeias começavam a dar à luz seus bezerros [com crase — a mãe não dá a luz ao bebê e sim o bebê à luz] no final de abril e começo de maio, por isso essa é a época do Touro.
O nascimento dos ovelhas era de final de março a meio de abril, marcando assim a época de Áries. Já os signos de Leão e Capricórnio estariam associados respectivamente às épocas de acasalamento dos leões e dos bodes. Por sua vez, os signos de Peixes e Câncer marcariam as épocas mais propícias a se apanhar peixes e caranguejos para alimentação.
Essas relações com fenômenos zoológicos fazem muito mais sentido do que traçar linhas imaginárias entre as estrelas. Não deve ser à toa que a grande maioria dos signos são ligados a animais. Nessa perspectiva, os signos vieram primeiro, e só depois as constelações foram associadas a eles.
Mas então onde está o signo do cavalo? Será possível que um animal tão importante ficou de fora? Pode ser que o signo de Gêmeos, normalmente associado a Castor e Pólux, os irmãos cavaleiros, tenha a ver com isso (esse signo marca o mês de junho, que era a época de acasalamento dos cavalos selvagens europeus).
Outra hipótese interessante é que os signos de Touro e Leão simbolizam o começo e o fim da época quente do ano, e que várias imagens que nos chegaram da antiguidade e que mostram esses animais são, na verdade, representações do calendário.
Lembro que Robert Graves sugere, em seu clássico Os Mitos Gregos, que a Quimera, um monstro com partes de leão, bode e cobra, seria um símbolo da época quente do ano.
Mas há uma outra criatura, além do leão, que talvez esteja simbolicamente associada ao calor: o dragão, que afinal cospe fogo.
Há várias mitologias que incluem lutas de deuses do trovão contra dragões. Na mesopotamia, Marduk x Tiamat; na Grécia, Zeus x Tifão; entre os eslavos, Perun x Veles; e entre os nórdicos, Thor x Jormungand.
Acontece que Julho, o mês do pior calor, é também o mês das tempestades que, com seus trovões, trazem as tão aguardadas chuvas. Uma batalha que se repete todos os anos.
Cara. Eu nunca consegui ver nada no céu associado as figuras dos signos. Ficava até meio frustrado por não conseguir enxergar. Contudo, você Marcel, tirou um peso da minha cabeça. Obrigado.